sexta-feira, 10 de maio de 2013

Maria Santíssima na piedade de São Francisco de Assis

O intenso amor a Cristo-Homem, qual o praticara São Francisco e qual o legara à sua Ordem, não podia deixar de atingir Maria Santíssima. Já as razões do coração católico de São Francisco e seu cavaleirismo o levavam a amor aceso da virgem Mãe de Deus. “Seu amor para com a bem-aventurada Mãe de Cristo, a puríssima Virgem Maria, era de fato indizível, pois nascia em seu coração quando considerava que ela havia transformado em irmão nosso o próprio Rei e Senhor da glória e que por ela havíamos merecido alcançar a divina misericórdia. Em Maria, depois de Cristo, punha toda a sua confiança. Por isto a escolheu para advogada sua e de seus religiosos, e em sua honra jejuava devotamente desde a festa de São Pedro e São Paulo até à festa da Assunção”.

São Francisco não é apenas um santo muito devoto, muito afeiçoado à Mãe de Deus, mas é um dos santos em que a piedade mariana aparece numa floração original e singular, sem contudo se afastar, por pouco que seja, das linhas marcadas pela Igreja. A Idade Média, da qual é Filho, teve uma piedade mariana cheia dos mais suaves encantos, porque fundada toda sobre a nobreza de sentimentos e a cortesia de atitudes de cavaleiros. Os cavaleiros se consideravam paladinos da honra e da glória de Maria Santíssima.

O “lugar do coração”


Francisco de Zurbaran
Francisco em meditação, de Zurbaran

O silêncio como opção de vida alternativa


1. A Cúria Geral da Ordem dos Frades Menores, em 2003, publicou um pequeníssimo fascículo intitulado: O caminho que leva ao “lugar do coração”.  Achegas para descobrir interioridade e silêncio na vida franciscana. Trata-se de uma joia encerrada num caderno de 16 pequenas páginas. “O caminho para a interioridade, hoje, dá-se num tempo de mudanças, tempo rico de muitos sinais de redescoberta da interioridade e do silêncio.  A sociedade secularizada vem focada sobre o indivíduo, com uma identidade fluída. Temos diante de nós uma mudança radical da visão do homem, determinada sobretudo pela  tecnologia. São imensos os recursos da inteligência humana, descobertos hoje, que podem ajudar os homens a criar um mundo melhor. É importante, no entanto, que o homem permaneça sujeito desse desenvolvimento, sobretudo a partir da verdade profunda de si mesmo” (p.4-5).  Num mundo de superficialidade, de pressa, de técnica fria, de comunicação on line, de áudio-fones, de corrida,  a viagem ao fundo do coração torna-se delicada. Sem ela, o ser humano se torna joguete de forças cegas e, se religioso, pessoa de superficialidade. “Tornamo-nos estranhos a nós mesmos. O percurso para dentro de nossa interioridade não é só terapêutico para a nossa cultura do barulho, mas também vem a ser um caminho voltado para o acolhimento, para uma nova civilização do amor. O caminho para dentro de nossa interioridade e para o silêncio torna-se, então, o testemunho de uma opção  de vida alternativa”  (p. 5).  Muito bem dito: não podemos seguir a onda. O caminho do coração é uma alternativa em nossos tempos. Precisamos tomá-lo.